quinta-feira, 26 de julho de 2012

Orelhas identificadas

Num dos outros posts comentei sobre a identificação da orelha para diferenciar um gato já castrado dos outros. Nas primeiras capturas que fiz, não houve a identificação e acho que isso só não é um problema muito grande porque os gatos que peguei nas primeiras colônias são familiares, todo mundo por ali conhece, não são ferais e sim semi-domiciliados.

Esta identificação nas orelhas é utilizada em todos os projetos de C.E.D do mundo, como Inglaterra, E.U.A, Canadá, etc e nos projetos brasileiros também, ou seja, há mais de 10 anos os gatos ferais de colônias controladas têm suas orelhas identificadas. Nos outros países, a captura, esterilização e marcação das orelhas são financiadas pelo governo. Adivinhe em qual país da América do Sul, que é grande e começa com B que não se importa muito com isso? Te dou uma chance. 

A marcação da orelha é essencial, como já mencionei. As Organizações de todos os países que desenvolvem projetos de C.E.D não poderiam realizar algo que fosse considerado crueldade, principalmente por se tratar de dinheiro público. Além do quê, a maioria desses projetos é administrada por pessoas que, assim como eu, amam gatos e desejam a eles uma vida melhor.


Os tipos de identificação mais utilizados são a marcação que retira toda a ponta da orelha, o corte meia-lua ( utilizado nos projetos do RJ e aqui em Blumenau ) e o triangular na aba exterior. As fotos abaixo retirei do blog dos Felinos Urbanos, de São Luiz do Maranhão.
Corte da ponta da orelha - o que uso aqui em Blumenau - nr. 49 de São Luiz do Maranhão

Meia - lua: e o que você me diz da cor dos olhos deste gatinho?

Corte triangular na orelha direita

Se os gatos não forem identificados, como saber quem já está castrado? Lembrando-se que programas de C.E.D lidam com gatos ferais, que passam a vida inteira evitando contato com pessoas. 

Por que correr o risco de capturar um animal desses, novamente, apenas para stressá-lo, anestesiá-lo e só então comprovar que ele já havia sido esterilizado? É um desperdicio de recursos, risco para quem captura devido ao nível de agressividade desses gatos, um manuseio desnecessário do animal. 

Hoje mesmo tive uma experiência, na qual precisei recorrer à orelha. Estava sentindo falta da gata frajola peluda que castrei há algumas semanas (minha gatinha nr. 6). Hoje vi uma carinha branca e peludinha no local onde ela costuma se esconder, mas não poderia ter certeza. Então me escondi e esperei ela sair, para poder olhar. E lá estava, a orelha cortadinha. Fiquei feliz em revê-la.

Mesmo gatos abandonados ou os semi-domiciliados, caso desses meus ( gatos que são alimentados por alguém, até frequentam o quintal ou jardim da pessoa, mas continuam sem donos ) não devem ser pegos sem necessidade pois a cada erro desses, um animal não-castrado pode perder sua chance de ser ajudado. Tem um grandão lá na colônia que quando vê a gatoeira, sai correndo. Fico me perguntando se ele já caiu em alguma uma vez na vida e como vou fazer para pegá-lo quando  for o próximo da fila.

E ainda há mais um fator a favor da identificação visível: algumas pessoas não gostam de gato que andam por suas propriedades, pois sabem que gatos se multiplicam rapidamente e em grandes quantidades. A partir do momento que explicamos os beneficios da castração e garantimos que a população não irá aumentar, as pessoas se tornam mais tolerantes à aquele animal identificado, eliminando assim a possibilidade de maus-tratos. 

A identificação nas orelhas é feita minutos antes ou depois da cirurgia de esterilização, quando o animal está completamente sedado. Utiliza-se uma lâmina e logo depois o corte é estancado, ou com produtos próprios para ferimentos, ou com bisturi elétrico que cauteriza a identificação. O animal não sente dor e a mesma medicação que age depois da castração, age na orelha também. 24 horas após a cirurgia, é só levar a gatoeira para o local de origem, abir a porta e ver com que velocidade o gato volta para seu "lar".

E do mesmo jeito que não sentem faltam do útero e testículos que foram retirados, não sentem falta daquele pedacinho de orelha.

Eu fico feliz agora, em ir até as colônias e olhar para as orelhinhas cortadas. Dá um grande alívio, perceber que daquele mato não vai mais sair gatinho ;)

sábado, 21 de julho de 2012

Minhas Feras I - ESCOLA


Essa história toda de C.E.D.  começou, na minha vida, quando uma gatinha tricolor (preto, branco e amarelo) da escola onde trabalho apareceu com duas filhotas fofas por lá e nós, que nunca a tínhamos visto com filhotes, ficamos apavoradas em pensar que logo, logo a área estaria tomada por gatos.

Na verdade as pessoas da redondeza têm bastante tolerância com os bichanos, eles recebem alimentação e água, têm abrigo por lá e levam uma vida razoavelmente tranquila, levando-se em conta que não têm tutores.  Os felinos moram entre a escola, uma imobiliária e uma lanchonete, num total - aparentemente - de quinze animais, dos quais sete já castrei (não contabilizo nem as duas filhotas que resgatei, nem uma outra adulta que foi capturada e adotada por uma pessoa que a queria faz tempo). 

A velocidade com a qual as esterilizações são feitas depende, basicamente, de três fatores: 
- disponibilidade de tempo minha e do meu marido;
- disponibilidade de tempo do veterinário;
- algum gato entrar na gatoeira - às vezes eles nos dão grandes balões :((

Nesta semana corrente, por exemplo, a agenda da clínica estava cheia, então não pude fazer nada. Mas para a próxima estão previstas três castrações, para compensar.

Aos poucos as pessoas estão tomando conhecimento da Operação, que agora tem uma logo fofa - que será apresentada em breve - e os pedidos de " socorro, tem um monte de gato na minha rua e preciso de ajuda para capturar e castrar" estão começando a aparecer na minha vida. Acho bem legal, para dizer a verdade. Fico muito empolgada. 

Então, com vocês, meus capturados e devidamente esterilizados e devolvidos. Não preciso dizer que tenho um carinho especial por eles, então cada um dos que conheço tem um apelido de identificação. Peço desculpas pelas fotos, que não têm muito boa qualidade, mas ainda tenho dificuldade em tirar fotos desse povo; não participo das cirurgias e ainda não dei um jeito nisso, mas estou tentando.

Gato #1
O Frajola. Adulto, macho, relativamente jovem, não sei de onde surgiu, pois eu nunca o tinha visto na escola. Nesta captura eu ainda não sabia que a gatoeira não pode ficar de um dia para outro, então ele passou a noite lá dentro, coitado. Mas não é dos mais bravos, somente meio assustado. Como eu também não sabia muito do processo todo ainda, ele não tem a marcação da orelha. No dia da devolução, ele reconheceu o local e foi chegando pertinho da porta, conforme chegávamos ao local onde foi solto. Em dois segundos estava em cima do muro. Acho essa carinha dele na foto muito meiga :))


Gato #2
Esse gatão é lindo. Uma outra pessoa que alimenta os bichinho o chama de Velho, mas pra mim é o Siamesão peludo (tem um outro siamês de pelo mais curto e mais escuro). Ele é lindíssimo e foi um dos mais bravos, segundo os veterinários. Aliás, os veterinários chamam "meus" gatos de jaguatiricas :))
Esse eu já vinha observando há um tempão, estava rondando por ali e gostei muito de pegá-lo. O engraçado foi que, depois que  já estava castrado, um dia cheguei à escola e peguei-o no flagra correndo atrás da gatinha colorida. Quando me viu, parou e ficou me olhando. Eu disse a ele: "se liga cara, pra você, a festa acabou" e ele virou as costas e fugiu de mim, disparado. Agora não foge mais apavorado, só se afasta, como fazem todos eles, que não gostam de humanos. Também não teve a orelha marcada, mas é inconfundível ali na patota. Esta foto tirei alguns dias depois, ele já estava castrado.


Gato #3
Essa gatinha é a Mamãe, causadora do processo todo. Deu um trabalhão, demorei dois meses para conseguir colocá-la na gatoeira. Primeiramente, ela entrou com as duas filhotas, quando estas ainda estavam por lá, mas a porta não fechou. Consegui as duas filhotinhas logo, mas, como já disse, por terem sido resgatadas e não devolvidas, não estão na contagem.
Voltando à mamãe, depois que peguei as gatinhas e o Frajola,  um dia fui olhar e ela estava lá dentro. Pulei dez metros de altura, de felicidade e levantei a gatoeira, que na época não tinha o papelão protetor. Liguei para meu marido para contar que tinha capturado a mamãe e, quando desliguei o telefone, só vi a ponta do rabo dela desaparecendo atrás da árvore. Ela pulou tanto que abriu a porta de trás e saiu. Até chorei de frustração e fiquei achando que nunca mais a pegaria. Consegui três gambás (ou o mesmo gambá três vezes, não sei), devolvido imediatamente ao local, mas a danada que é bom, nada. Ela ficou esperta e só comia a ração que eu colocava de trilha, sem entrar na armadilha. Mas um dia, depois que devolvi o Siamesão número 2, fomos, eu e o Fábio, determinados a pegá-la. Levei ração seca e ração molhada, sachê de atum. Primeiro ela comeu tudo o que estava fora e sentou, lambendo os beiços. Ali achei que ela não entraria, mas depois não resistiu e foi comer o atum. E a porta fechou. E eu fiquei tão feliz que todo mundo da secretaria foi lá ver. Foi comemoração geral, porque todos conheciam a novela da gatinha Mamãe. No total, acho que foram cinco minutos. Acho que foi a mais brava de todos, pois destruiu todo o papelão da gatoeira e o vestido com o qual eu a cubro para eles se acalmarem. Foi depois dela que resolvemos forrar a gatoeira com um material mais forte e escuro.  Estava com infecção no útero (Piometra), o que me deixou mais feliz ainda com a castração, que provavelmente, salvou sua vida. É uma fofa, ainda come lá todos os dias. Tricolor, como minha gatinha Cachaça, teve uma filhota branca com manchinhas pretas uma manchinha amarela e uma filhota amarela de peito e patinhas brancas. A Mamãe também não teve a orelha cortada.


Gato #4
O Papaizão. Eu o chamo assim, porque um dia cheguei para trabalhar e ele estava lá, paquerando a Mamãezinha. Como é o único lá da turma que tem amarelo na pelagem e uma das filhotas também, resolvi que é o pai delas. Muito bravo na gaiola, bem agressivo, mas na escola, solto, não é dos mais ariscos, chega perto de mim quando estou colocando ração na tigelinha. Quase o peguei com a caixa de transporte, sem gatoeira, porque ele entrou todo faceiro. O único problema foi que uma parte do rabo ficou para fora e tive medo de machucá-lo ao fechar a porta. No dia seguinte levei a gatoeira e ele ficou sentado na ponta da mesa de pedra, só observando enquanto eu montava a armadilha. Depois entrou pra comer. Demorou só um pouco, porque ele já tinha jantado na imobiliária, mas o sachê de atum é irresistível. Segundo o veterinário, tem mais de cinco anos - o que é bastante para um gato de rua - extremamente forte, musculoso e todo cheio de cicatrizes, provavelmente um gatão brigador. A foto eu fiz depois que o devolvi, quando sentou no muro e ficou me olhando, com a cara fofa dele. Ficou sumido e com trauma de mim uns dois dias, mas já somos amigos novamente. Foi o primeiro que teve a orelha esquerda cortada para marcar.


Estes são os que sempre estão na escola. Depois disso, passei à imobiliária, de onde ganhei um controle remoto para poder acessar a colônia nos fins de semana. Ali são, além dos da escola que também comem lá, mais duas fêmeas, um filhote, um adolescente e um adulto preto, do qual não sei o sexo. 

Nas próximas postagens, vou apresentá-los a vocês, aos poucos. Se alguém tiver alguma pergunta, pode entrar em contato comigo pelo comentário ou pelo e-mail gatoderuablumenau@gmail.com. Se passou algum erro esquisito de digitação despercebido, não reparem. Enquanto estou digitando, tem uma gatinha passeando pelo computador, tentando pegar o cursor. Já li e não vi nada, mas pode ser que vocês achem. :)

Até mais e obrigada.

Maria Cecília

Projeto Operação Gato de Rua


Captura, Esterilização e Devolução

Gostaria de OFICIALMENTE apresentar o projeto OPERAÇÃO GATO DE RUA, que tem como objetivo proporcionar um maior bem-estar para os gatos de rua da cidade de Blumenau. 


Iniciei minhas atividades em maio de 2012, financiando o projeto com a renda obtida através da venda do meu livro Resgatos - Histórias de um gato maloqueiro, lançado em março de 2011. Através do site dos Felinos Urbanos (felinosurbanos.blogspot.com), obtive informações importantes, ajuda e incentivo da parceira que já tem um projeto semelhante em São Luiz do Maranhão há algum tempo.


As informações abaixo, que estão em preto, copiei do blog dos Felinos Urbanos - com algumas alterações. 


Espero, sinceramente, que este blog seja informativo e que, aos poucos, o projeto tome corpo, conquiste simpatizantes. Se depender de nossos políticos, sei que a ajuda, se vier, vai demorar. Infelizmente o bem-estar animal não é prioridade neste país, onde, aliás, nem a educação nem a saúde tampouco o são.


Um abraço a todos, muito obrigada.


Maria Cecília


O  que é C.E.D?

É uma técnica utilizada em vários países desenvolvidos, como os E.U.A, Inglaterra, Canadá e já é realidade em algumas cidades brasileiras, através de projetos pioneiros como os FELINOS URBANOS (MA), GATOS ENCANTADOS (RJ), a CONFRARIA DE MIADOS E LATIDOS (SP) e o CATS OF NECROPOLIS ( Santos ).

O principal objetivo é o controle da população de gatos abandonados ou nascidos nas ruas, através da captura, castração e devolução dos mesmos aos locais de origem.

Algumas pessoas podem achar natural avistarem gatos pelas ruas. Mas infelizmente isso é resultado de uma política inexistente ou ineficaz de controle populacional de animais domésticos, somado à ignorância e descaso humano.

Mesmo em países onde existe um controle de animais abandonados, verificavam-se várias falhas em sua execução, que se limitava ao recolhimento e eutanásia desses animais.

Somente em New Jersey 25% dos impostos era utilizado para a eutanásia dos gatos após sua captura.

Gatos são excelentes caçadores. E forçados pelo abandono a retornar a um estado feral se tornam predadores da vida selvagem, competindo com os predadores nativos.

Gatos ferais, apesar do medo de humanos, sempre rondam ou invadem propriedades em busca de abrigo e comida e incomodam os moradores do local. E mesmo quando recolhidos por algum agente de controle de pragas e levados para um local distante eles retornam ao local de origem, isso se não forem eutanasiados. E a grande maioria dos gatos ferais recolhidos são mortos com a justificativa de controle de zoonoses. 

Existem pessoas que se compadecem com a situação dos gatos ferais e os alimentam, mas somente alimentá-los faz com que permaneçam no local, atrai novos animais para o local e eles se reproduzam com mais sucesso, trazendo malefícios a curto, médio e longo prazo. As colônias onde os gatos são alimentados por humanos apresentam um número dobrado e até triplicado em relação a áreas onde eles são forçados a encontrar seu próprio alimento.

Em seu primeiro ano de vida uma gata pode ter até 30 filhotes. Com 30 dias após o parto ela fica prenhe novamente. Esses filhotes se tornam sexualmente maduros aos 6 meses de idade.

E mesmo que se tornem capazes de sobreviver em situação de abandono os gatos ainda são animais domésticos e não deveriam precisar viver em situações precárias.

Por que o C.E.D funciona?

Os projetos de C.E.D dos E.U.A, Canadá e Inglaterra se tornaram bem sucedidos a partir do momento que a sociedade como um todo se deu conta de seu dever para com aqueles animais.

Em parceria com protetores independentes e abrigos como as SPCA’s e Humane Society, as autoridades criaram conselhos públicos sobre os gatos ferais ( em New York há o Neighborhood Cats http://www.neighborhoodcats.org/ ) e liberaram verbas para que os gatos recolhidos fossem tratados em hospitais bem equipados, com profissionais capacitados para a técnica de castração de gancho ( que reduz para 24hrs o tempo de recuperação para soltura das fêmeas ) e castração pediátrica a partir dos 2 meses de idade, além de promover a conscientização da população em relação à castração, ao abandono, maus-tratos, e crueldade contra animais domésticos e os gatos ferais das áreas. Também recrutam e oferecerem treinamento para fiscais das colônias a serem incluídas ou que já estão no programa, ampliando ainda mais o senso de responsabilidade das pessoas em relação aos gatos da vizinhança.

A dedicação é tão grande que mesmo nas temperaturas baixíssimas do inverno existe um trabalho de proteção para os gatos ferais das colônias, feito com a instalação de abrigos.

No Brasil infelizmente os governantes ainda não se deram conta do real impacto das ações do C.E.D para o país e os projetos desenvolvidos – assim como o de Blumenau e os que citei anteriormente – se mantém apenas com recursos próprios e poucos simpatizantes da causa. Nossa sorte é que sempre aparecem pessoas que oferecem ajuda e isso faz com que se queira caminhar em frente.

Além disso, somente a castração desses animais de nada adianta sem a conscientização da população em relação ao abandono, bem estar de seus animais e penas severas contra maus-tratos e negligência, aspectos infelizmente esquecidos nos discursos políticos e de maneira efetiva nas leis brasileiras. 

O impacto positivo das ações de castração é claramente visível em uma área urbana apenas 6 meses após o inicio das atividades. Somente em Toronto no ano passado mais de 400 gatos foram auxiliados com o C.E.D.

Em San Diego houve uma redução de 50 a 73% no número de animais recolhidos e eutanasiados nos abrigos.

Somente em Santos o Cats of Necropolis já esterilzou mais de 116 gatos, os Gatos Encantados 67 e a Confraria de Miados e Latidos conta com 46 animais atendidos desde 2008.

Esses números resultam em menos de MILHARES de gatos sofrendo nas ruas brasileiras. Aqui em Blumenau, vemos, infelizmente com certa frequência, casos de gatos envenenados, que levem tiros, são mutilados e mortos com crueldade. A castração desses animais de rua vai evitar que o número aumente. E um dia veremos todos os tutores, castrarem seus próprios animais de estimação para evitar que se multipliquem pelas ruas e os manterem DENTRO de casa, que é onde os bichinhos pertencem.

O que acontece com os gatos no C.E.D ?

Primeiramente eles são capturados. Por causa do comportamento feral da grande maioria deles é necessário saber como não os estressar em demasia. As capturas ocorrem no final da noite ou começo do dia, quando os gatos estão mais ativos. Após serem capturados nas gatoeiras são encaminhados para os veterinários e anestesiados para o manejo. 

Minha primeira captura, que realizei de maneira errada, foi realmente traumatizante para a gatinha. Ela se debateu tanto na gatoeira, que machucou muito o nariz, ficou muito nervosa. Graças a Deus tinha uma família já de olho nela há um tempo e ela recebeu papinha de nenê como alimento, pois não podia mastigar. Eu fiquei arrasada e traumatizada, o que me levou a forrar a gatoeira com papelão para evitar que os gatos se machucassem nas grades. Num segundo momento, depois de ver que eles simplesmente destruíam o papelão, forrei com um pano resistente e fácil de limpar, escuro, que os deixa mais tranquilos. Por enquanto, funciona bem. 

Em Toronto além de um exame físico completo, os gatos também recebem vacinas e vermífugos contra parasitas internos e externos. Nosso veterinário parceiro aplica antibiótico e antiinflamatório e utiliza um fio que o corpo absorve, porque recapturar um gato que já caiu na armadilha para tirar os pontos é missão quase impossível, acho que nem o Tom Cruise conseguiria.

Após a cirurgia eles recebem um pequeno corte na orelha, que é a sinalização universal para animais castrados e logo que estão recuperados da anestesia são soltos em seus locais de origem. 


O C.E.D não somente é eficaz no controle dos animais, mas também na redução de gastos que protetores têm com eles, se compararmos com todo o processo de resgate até adoção. 

Em cidades como SP e RJ que o CCZ já oferece castração gratuita os custos se tornam menores, mas ainda altos para pessoas que ajudam dezenas de animais durante todo o ano. O C.E.D é fazer o bem, de forma rápida, prática, com baixos custos e enorme impacto positivo. E vicia, posso garantir.

Faço minhas as palavras da Tatiana da Confraria: “A esterilização é a única saída efetiva. A única ação que vai fazer mais do que enxugar gelo (que nós continuamos a enxugar com os resgates, tratamentos e doações de animais que promovemos), que vai impactar a vida de tantos animais que nem é possível quantificar.” - É cortar o mal pela raiz, para ser mais exata.

Já tenho  minha listinha de colônias onde quero atuar. A primeira está perto da segunda metade, devo ter ainda uns 5 gatos pela frente. Comecei com duas filhotinhas, que não conto, pois foram colocadas para adoção. Então já foram um frajola macho; um siamês lindo, macho; a mamãezinha das filhotinhas, perseguida por mim por dois meses; o gatão que acredito ser o pai das bebês; mais uma fêmea frajola boazinha e um bebê cinza. Depois já tenho duas outras colônias na fila, até que apareçam as seguintes. Minha gatoeira age, a princípio, duas vezes por semana, a não ser que o veterinário não tenha tempo. 


Aos poucos quero angariar mais pessoas que me ajudem. Por ora somos eu e meu marido, mas, assim que aumentar o trabalho, vou precisar de mãos e talvez uma outra gatoeira. Se você se interessar, pode me procurar e conversaremos.

É imprescindível realizar também a educação da população sobre posse responsável, castração, cuidados com os animais, o próprio C.E.D e muito mais. O trabalho é árduo, mas vale a pena. Só quem faz sabe do que estou falando.

Para finalizar, transcrevo aqui um trecho importantíssimo do Neighborhood Cats:

“O C.E.D não objetiva resgatar gatos. Seu objetivo é o controle populacional e permanente redução do número de gatos ferais de uma vizinhança. Não objetiva dar a somente um gato maravilhoso um ótimo lar. É diminuir o número de gatos abandonados recolhidos e os números das eutanásias, reduzir os custos do controle de animais e criar ambientes melhores e menos hostis para esses gatos.”


Para saber mais sobre os projetos desenvolvidos em SP, Santos e RJ, acessem:


http://felinosurbanos.blogspot.com.br 

http://blog.miadoselatidos.com.br/2011/03/27/ced-captura-esterilizacao-devolucao-o-que-e-isso/

http://gatosencantados.blogspot.com/

http://catsnecropolis.blogspot.com/

Para mais informações sobre o projeto em Blumenau , mande um email : gatoderuablumenau@gmail.com