sábado, 6 de dezembro de 2014

Encontros e Desencontros

Pois é, a ideia era fazer o II Encontro Nacional de CED aqui em Blumenau e trazer os Felinos Urbanos, o Stray Cats, o Bicho Caiçara, a ARPA, os Sotero Bichanos e mais um monte de gente linda. Mas, por quaisquer que sejam os motivos, somente pouquíssimas pessoas se inscreveram e, em função do alto valor do local reservado, preferimos cancelar. A boa notícia foi que o pessoal do Bicho Brother de SP, que já estava inscrito, aproveitou pra vir conhecer Blumenau e passar a Lua-de-Mel fazendo CED.  Eduardo e Mariana passaram o fim de semana aqui, trocamos ideias, tomamos café juntos, comemos cuca de nozes que parecia aquele doce maravilhoso chamado camafeu, enfim, foi muito bom. Além de alguns voluntários da Operação Gato de Rua e o Bicho Brother, ainda tivemos a presença da amiga Cris, sempre ali pra nos ajudar, quem, aliás,trouxe a deliciosa cuca.

Vanessa, da OGR (com minha Cachaça nas mãos), Eu, Mariana, Eduardo (ambos do Bicho Brother) e Cristina, amassando o Romeu, que se sentiu a estrela do dia.


E aqui, sem Vanessa, com Fábio. 

Durante os bate-papos, pudemos ver que temos muito em comum, mesmo em ambientes tão diferentes. Conhecer quem tem peito pra fazer CED e faz, sempre nos dá força pra continuar. Nós aqui, achando que nossas colônias são numerosas com vinte gatos, ficamos sabendo de uma em SP que deve ter uns 10.000 (sim, dez mil). Uma casa abandonada, com rolo de herança,  na qual ninguém pode entrar, onde os gatinhos vivem, se reproduzem (daquele jeito que gato se reproduz) e morrem, alimentados por uma velhinha  (o que seria dos gatos de rua, se não fossem as velhinhas de coração bom?).

Também ouvimos muitos relatos e ficamos com água na boca de conhecer o Rogério do CCZ de SP, um expert em laçar gatos com a rede em cima do telhado, ou onde quer que o bichano esteja. Ah, Nove e Quinze, quero muito que você conheça essa pessoa. Já ficamos aqui, pensando em como aprender com ele essas táticas milagrosas de pegar qualquer gatinho em qualquer lugar.

Eu, particularmente, tinha a curiosidade de conversar com o Bicho Brother, porque, além do CED, eles mantém abrigo, atualmente com 40 gatos. Como tenho lá minhas razões para ser contra e faço CED justamente porque não gosto de lidar com doação, queria saber como é. Claro que tem muito trabalho, muita despesa, muita dor de cabeça, muito gato que por esse ou outro motivo fica pra trás, nunca é adotado. Aquela velha história, típica de abrigos. Aí, num momento da conversa, ouvimos a frase: "nós vamos acabar com isso de abrigo, vamos ficar somente com o CED". Porque não é fácil nem pra quem cuida, nem pra quem fica lá (os gatinhos). Se uma boa adoção fosse garantida, seria um mundo ideal que, infelizmente, não existe. 

Bicho Brother já fez aproximadamente cem capturas, são, pelo que entendi, três pessoas. Vermifugam os gatinhos, antes de soltá-los (eu sempre quis fazer, só não sabia como). Têm convênios com alguns veterinários bem parceiros, também pedem para a pessoa que pede a captura pagar os custos de castração, etc. Porque senão não dá.

Das esquerda para a direita: a bunda do Nicolau em cima do sofá, eu, Cris, Eduardo e Mariana


E porque Lua de Mel, não tem sentido sem captura, fomos à colônia da nossa gatinha mais desejada, mais difícil, mais lisa: Nove e Quinze, perseguida por nós há dois anos, que, graças a Deus e à sua esperteza, já está com a cria número 4 - totalizando 15 filhotes (dois resgatados/doados; cinco mortos, outros quatro resgatados/doados e quatro ferinhas que estão lá) e, ao que parece, prenhe de novo. Porque,claro, as gatas mais ariscas são as mais férteis.

Nove e Quinze com cara de ninguém me pega

Depois de aproximadamente duas horas de baile, eis que um dos filhotes teve misericórdia de nós e resolveu que queria conhecer a tia Juliana. Capturado às 19h40 foi batizado de Sete e Quarenta. Eu ali, numa esperança de ele ser bonzinho e poder ser doado, vi meus sonhos desmoronarem ontem, quando a veterinária avisou que era pequenino, mas já é uma fera. Pena, perdeu a chance de sair das ruas. Detalhe: é um filhote de pouco mais de dois meses e foi castrado. Sim, é possível e necessário castrar filhotes, principalmente se estes serão devolvidos às suas colônias.

Eduardo e Sete e Quarenta

Sete e Quarenta, a minifera, já castrado e devidamente marcado

Ano que vem faremos,  em algum outro lugar do Brasil, nosso encontro nacional. Pelo menos é o que espero. Quando foi impossível realizá-lo em Goiânia, sugeri pessoalmente Blumenau, porque quero demais que as população daqui conheça essa prática tão eficaz para combater o abandono antes que ele aconteça e melhora a vida dos animais, em muitos sentidos. Infelizmente, as pessoas não se interessaram. Fiquei muito triste mesmo, porque seria lindo ouvir tanta gente que faz CED pelo Brasil afora. Azar  de quem não se interessa, não sabe o que está perdendo. 

Está mais do que na hora de protetores e amantes dos animais mudarem o pensamento, saindo da ideia de resgate / castração (pelamordedeus) e doação. CED é lindo. CED é a solução humanitária, para os gatos de ruas de países desenvolvidos que eutanasiam gatos errantes.

CED é vida.


Grande abraço,

Maria Cecília Quideroli
Operação Gato de Rua